O caminho até o ateísmo

Para a infelicidade da minha família eu me tornei ateia. Sim, eu. A menina que ia na igreja antes mesmo de aprender a andar. Minha mãe tem certeza que errou em algo, mas a culpa não foi dela. Afinal, ela cresceu assim e preferiu permanecer assim. Já eu, escolhi sair do casulo. Hoje venho aqui…

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Para a infelicidade da minha família eu me tornei ateia. Sim, eu. A menina que ia na igreja antes mesmo de aprender a andar. Minha mãe tem certeza que errou em algo, mas a culpa não foi dela.
Afinal, ela cresceu assim e preferiu permanecer assim. Já eu, escolhi sair do casulo.

Hoje venho aqui conversar com vocês e falar um pouco sobre essa assunto tão polemico no nosso país, o ateísmo.

Pra começar, ser ateu é não acreditar em nenhum ser superior, em nenhuma força superior. Antes disso eu era agnóstica, ou seja, achava que algo existia, mas preferia não seguir nenhuma religião. E antes ainda eu fui evangélica, crendo na existência de um só Deus e uma só verdade.

Quando você cresce dentro de uma crença, fica difícil olhar para os outros lados. Eu entendo. Você ouve desde pequeno que a bíblia é o nosso guia e quando você não concorda em algo que está escrito nela, você acha que está corrompido. Afinal, Deus foi a inspiração da bíblia a ele não erra. Nós erramos.

E é sempre assim: se não conseguimos algo é porque Deus achou que não tava na hora. Se conseguimos, é Deus nos recompensando pelo esforço. Se passamos por momentos difíceis, é Deus nos provando. Deus estaria presente em todo momento, decisão ou caminho da sua vida.

Ser ateu é tomar toda a responsabilidade para si. Afinal, se não existe nenhuma força sobrenatural, de quem é a culpa por tal coisa acontecer ou não acontecer? A culpa é nossa e da nossa humanidade.
Acredito que se consegui isso é porque me esforcei, se não, é porque não deu certo. A vida é assim.
Os temores também mudam, afinal, se não existe seres sobrenaturais, só temos de temer nós mesmo.

Ao contrário do que muita gente pensa, eu não sou contra Deus ou a crença dos outros. Eu sou contra quem tenta me converter o tempo todo, quem vive me condenando ao mesmo tempo que diz que só Deus pode condenar. Acho o respeito o melhor dos príncipios. Afinal, se eu te respeito e não tente te tornar ateu, não tem porque você viver tentando me tornar cristã.

Mas tem uma coisa: se teus princípios ferem os princípios dos outros, sim, eu vou te questionar. Por que não posso acreditar  nem aceitar que você imponha seus dogmas sobre os outros que não os seguem.

Eu sou a favor do aborto, a favor da união civil entre qualquer um que se ame, sou a favor da adoção por casais homo, sou a favor de direitos igual e quando existe uma minoria oprimida, sou a favor de ações sociais que corrijam isso. Porque a vida dos outros e suas escolhas dessa forma não me afetam.

Sobre o aborto: Isso não significa que eu sou contra a vida, pelo contrário, sou a favor da vida e da liberdade de escolha. Um aborto não afeta sua vida, a vida de quem está de fora. Uma gravides indesejada, sim. E afeta muito. Então a única pessoa que pode decidir sobre isso é quem está sendo afetada, e se ela decidir interromper a gravides, que ela possa fazer isso de forma segura, preservando a sua vida.
Ou vocês acham melhor ter uma criança sem amor? Uma criança que talvez cresça em orfanatos e que nunca será adotada porque os casais que vão adotar preferem o bebê branco e recém-nascido? Ou que essa criança vive jogada na rua, porque a mãe tem que trabalhar pra sustentar e não tem com quem deixar a criança? É muito fácil você julgar quando olha de fora e não vive a realidade. Se é contra o aborto, não aborte. Se seus dogmas dizem que é pecado, não faça. Mas não imponha suas princípios pra quem não os segue. Ninguém tem direito de opinar sobre a vida dos outros quando isso não os afeta.

Sobre a união civil entre todos que se amam: você é hétero? Ok. Tal pessoa é homossexual? Ok. Eu amo alguém do sexo oposto e quero me casar, eu me caso. O outro que ama alguém do mesmo sexo quer casar? Case! Porque as pessoas implicam tanto com isso? É tão simples, se você ama alguém e quer casar, se case, isso só afeta você. Não entendo por que tem pessoas que se esforçam tanto para tirar o direito dos outros.
Tá, ser homossexual é errado na sua religião? Então você que segue, não seja (não que dê pra escolher, mas neh..). Mas se o outro não segue, porque você quer impor seus príncipios sobre a vida dos outros? Não faz sentido.

Seu argumento é que eles não poderão formar uma família? Mas eu digo: podem sim! Tem crianças para adoção (MUITAS), tem barrigas de aluguel. Quer quiser formar uma família, forme. Tenho certeza que se tiver amor no lar, a criança será feliz.
E outra, uma família pode ser apenas um casal. Pra que filhos? O mundo já tá cheio demais. Viver em dois também não afeta a vida dos outros.

Mas você diz: se todos virarem a raça vai acabar. Tá, sobre isso vamos parar e pensar: você tem atração pela pessoa do mesmo sexo? Não? Ok, então porque você do nada ia começar a ter? Gente, orientação sexual não se escolhe, e uma população nunca terá a mesma. Relaxa, héteros não acabarão. Juro que se seu filho for hétero e ver um casal gay se beijando, ele não vai se tornar gay (a menos que ele seja e está reprimindo isso). A vida é assim, as pessoas são assim.

Agora você vem e ofende alguém porque sua biblía condena? Gente, você TEM que respeitar o seu humano por ser quem ele é. Não pode condenar alguém por ser negro, ou por ser alto, ou por ser gay. Afinal, a pessoa é assim e ponto. Você pode falar, não gostar mas a pessoa não mudará. Ela é assim e ponto final.

Mas agora você vem e me fala: mas eu acredito nisso e você TEM que me respeitar. Pera ai, você escolheu acreditar nisso, afinal, ninguém nasce com dogmas, e vem pedindo respeito? Você escolheu ser preconceituoso, afinal, to ligada que quem segue a bíblia por exemplo, escolhe que partes seguir (se você corta cabelo, é contra escravidão, segrega pessoas ao mesmo tempo que é contra a homosexualidade, tem muita coisa contraditória nisso).

Agora, sim eu vou te respeitar se você me respeitar. Eu não vou tentar te mudar se você não tentar me mudar. Cada um na sua, cada um cuidando da sua vida.

Aí você jorra preconceito e argumenta: ah, é só minha opinião, isso não afeta ninguém.
Quem disse que não afeta? Você tá na pele de quem vive todo dia ouvindo que ser quem ele é é errado? Você vive na pele do filho expulso de casa por ser quem ele é e que ao buscar refujo em uma igreja, ouve que ele é errado? Você sofre agressão verbal ou até olhares maldosos quando você anda de mão dadas na rua com que você ama? Não? Então não venha me dizer que uma opinião não afeta alguém. Uma opinião faz um ser entrar em depressão, uma opinião mata, uma opinião oprime.

Se ponha no lugar, inverta os papéis por um instante: vamos se por que agora chega uma religião que diz ser errado ser hetero. Mas você é assim, você sabe que sente atração por pessoas do sexo oposto e que isso não vai mudar. Afinal, só a ideia de amar alguém do mesmo sexo te é estranha. Mas as pessoas vivem dizendo que você é errado, que você escolheu ser assim, você tem que mudar.  Seus pais te expulsam de casa quando você diz que não consegue sentir atração pelo mesmo sexo. Você recebe olhares maldosos quando você anda na rua com seu amado de mãos dadas.

Ser ateu vai muito além de dizer “deus não existe”, ser ateu significa se tornar consciente de que tudo que você consegue vem por esforço próprio, de que podemos sim estar aqui nesse mundo por acaso, e que sem dúvidas não existem nada depois da morte, só existe essa vida e o que você escolhe fazer dela. Pra mim isso fez bem,  ideia de um ser que nos recompensa pelo esforço e que nos dá o que merecemos nos faz pensar: porque ele merece e eu não? Já quando você assume a responsabilidade, você aprende que é assim porque foi e você vai ter que se esforçar mais pra conseguir.
Não tem ninguém te provando, você mesmo se prova e vê seus limites. Se arrisca e vive, sem medo do que vem depois. Por que o depois não importa.

Antes de entrar na faculdade eu não conhecia bem o ateísmo. Chegava a achar estranho alguém consgeuir viver sem acreditar em nada. Agora eu descobri que é bem mais fácil viver assim. Você cria seus próprios conceitos e regras, obedecendo a lei do “viva e deixe viver”, pelo menos comigo é assim.

Vivo ouvindo: volte pra deus, sem ele você não é nada. Mas gente, eu to bem, sério. Muito melhor do que já estive. Não sinto medo de nada que não seja eu mesma e a humanidade.
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