Quando entrei no programa Radiolink, um dos meus maiores “medos” era a parte da apresentação. Tudo parecia legal, desde cuidar do site até editar o áudio, mas o lance de ir até o microfone e segurar uma pauta por 20 minutos e ainda conseguir comentar a pauta dos outros integrantes, me parecia uma tarefa amedrontadora. E era. E depois de muito tempo, mais exatamente na edição 6 do programa, minha hora chegou. E lá fui eu. Suei, gaguejei, quase morri de ansiedade. Porém no fim (apesar de como meu colega de bancada disse “a primeira vez sempre é uma bosta”), a minha primeira vez não foi assim tão traumática quanto eu imaginei. No fim deu tudo certo e o RadioLink 6 ficou bem legal.
Cada edição conta com três apresentadores, onde cada um leva uma pauta sobre um conteúdo intrigante do mundo da comunicação. Nessa programa os assuntos foram: Jornal do Povo, 50 por 1 e a minha pauta, Romances de Banca. Tudo isso está disponível para ouvir no http://www.mixcloud.com/programaradiolink/radiolink-6/. Gostei super do programa e adorei a pauta que escolhi. Adorei tanto que decidi postar meu roteiro aqui para vocês conhecerem um pouco mais desse universo enigmático, os Romances de banca. Não sabe nem o que são romances de banca? Não tem problema, eu explico. Romances de banca são aqueles livrinhos vendidos em bancas de jornal, impressos em papel de baixa qualidade, com título e capas deveras curiosas, conhecidos por suas estórias fáceis e por serem direcionados para mulheres. Eles iniciaram no Brasil lá pela década de 1920, quando as mulheres começaram a terem a necessidade de uma literatura mais voltada para elas. Então, com publicações pela editora Companhia Editorial Nacional, a coleção vendida em bancas de jornal, era conhecida como “biblioteca das moças” e vinham em três selos: azul, rosa e verde. A publicação por ela foi até a década de 1960.
Quando todos achavam que o romance de banca tinha morrido, eis que a editora nova cultural chega e volta com essa moda, lançando em 1977 o livro “Passaporte para o amor”, de Anne Mather, com o selo Sabrina.
Graças a todo sucesso que o selo Sabrina teve, logo em seguida, em 1978 foi lançado o Julia, e em 1979 o Bianca. Esses selos representavam que tipo de coisa era abordado, tipo nos Sabrinas, era algo mais “novela mexicana”, com muitos conflitos familiares e lágrimas, “para quem sonha encontrar o homem ideal, aquele que realizará todos os seus desejos”, os Julias eram uma coisa mais moderna, com relacionamentos mais liberais e coisas assim, e por fim os Bianca, que abordavam relacionamentos mais clássicos, mais poéticos “emoções, aventuras e muito amor!!! Num só encontro”. A Nova Cultural continuou distribuindo “Sabrina”, “Julia” e “Bianca” nas bancas até 2011. Agora eles só trabalham com e-books, e se você for bem fã, dá pra fazer até “impressão sob pedido” pelo site! http://www.romances.com.br/ Os romances de banca, que nas bancas hoje eles se encontram mais caros, com preços de R$ 10 a 19,90, e ficam em um canto cheio de pó, agora tem sua maior venda nas sebos, onde você pode encontrar muitos exemplares por apenas 1,50. A estante da sebo é abarrotada, realmente parece que não vende, porém quando fui lá e fiz umas perguntas para a funcionária, ela me garantiu que vende bastante ainda, e o publico são sempre mulheres das mais variadas idades e ela deu ênfase no: acima de 18! (o que pelo que sei não é bem verdade)
Os romances de banca são grandes alvos do tal preconceito literário, eles são tipo o antecessor de crepúsculo nesse quesito. Mas também, muita coisa ajuda nisso, como os nomes ruins, ou melhor, traduções ruins dos nomes. Ler em público algo com o nome O Pecado mora ao Lado, ou enfeitiçada pelo Chefe, é complicado. As capas são outro grande problema, elas são muito exageradas. Geralmente são compostas por um homem sem camisa, agarrando uma moça linda. Ou um casal em pose sexy e sedutora, e por aí vai. As estórias também não são aquelas coisas, são bem genéricas mesmo, 80% segue a formula “casal se conhece, se apaixona, se separa, daí tem um drama, e no final eles ficam juntos e felizes”. As traduções das estórias também não são das melhores, uma vez que pelo que pesquisei, os tradutores não precisam ser fiéis, geralmente tiram expressões, palavrões, e até mudam a ordem de capítulos, já que a grande missão deles é apenas readaptar para o publico alvo brasileiro. A impressão também é bem feinha, com folhas bem parecidas com a de jornal.
Porém, acho que a maioria desses pontos ruins tem seu lado bom. Tipo o lance da impressão, já que pra custar 2,50 não dava pra ser em papel muito requintado, ou coisa do tipo. E outro lance é o enredo, é bom ter um livro que você sabe que terá um final feliz. Ás vezes você tá num momento de merda e ler um “Os sofrimentos do jovem Werther” não vai ajudar muito. É bom pra passar o tempo, é uma coisa mais leve, digamos assim.
Não dá pra julgar quem lê, afinal, esse tipo de literatura pode ser porta de entrada para o mundo literário, e mesmo que a pessoa fique só nisso, pra mim, todo tipo de leitura é válida. A literatura é algo pra te fazer feliz, te fazer sentir bem, se a pessoa que lê curte, então ta tudo certo. Um livro só é ruim se ele não te fizer sentir nada.
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