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Madame Bovary

“Precisava retirar das coisas uma espécie de vantagem pessoal; rejeitava como inútil tudo o que não contribuísse ao consumo imediato do seu coração, pois seu temperamento era mais sentimental do que artista, e ela procurava emoções e não paisagens.” Tenho a mania louca de comprar clássicos e ficar com preguiça de lê-los, e quase sempre…

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“Precisava retirar das coisas uma espécie de vantagem pessoal; rejeitava como inútil tudo o que não contribuísse ao consumo imediato do seu coração, pois seu temperamento era mais sentimental do que artista, e ela procurava emoções e não paisagens.”

Tenho a mania louca de comprar clássicos e ficar com preguiça de lê-los, e quase sempre depois que termino de ler me arrependo de ter enrolado tanto. Foi assim com Madame Bovary, clássico de 1857 do escrito Gustave Flaubert, que eu deveria ter lido antes.

Sinopse (skoob): A personalidade literária de Flaubert, dotada de agudo senso crítico que o distanciou do exaltado gosto romântico da época, levou-o a tornar-se um dos maiores prosadores da França no século XIX. O romance “Madame Bovary” é a sua obra-prima. Baseado em fatos da vida real, o livro, que Flaubert levou cinco anos para escrever, causou forte impacto, a ponto de gerar o processo no qual o autor escapou de ser condenado à prisão, graças à habilidade da defesa, que transformou a acusação de imoralidade na proclamação das intenções morais e religiosas do autor. Nem moral, nem imoral, a narrativa é uma devastadora crítica das convenções burguesas do seu tempo.

Sim, Madame Bovary é um livro crítico, tanto que o que aguçou minha vontade de lê-lo foi uma aula da faculdade chamada “Comunicação, Sociedade e Cultura”, ministrada pelo meu professor favorito, e que é praticamente uma sociologia. Nessa aula falamos sobre coisas como, por exemplo, Indústria Cultural, e foi nesse assunto que Madame Bovary surgiu. Emma Bovary é uma moça do campo, que perdeu a mãe muito jovem e viveu com o pai por muito tempo. Emma também viveu em um convento e sempre teve como seu maior hobby a leitura. E a crítica chega quando Emma depois de casar não consegue ser feliz, pois graças a tudo que leu, sempre esperou da vida algo a mais.

“- Replicou Léon -Que há de melhor, realmente, do que ficar à noite ao lado do fogo com um livro, enquanto o vento bate nos vidros, enquanto a lâmpada queima?”

Sua realidade sem graça a devasta aos poucos. Para tentar fugir disso ela arruma amantes e compra compulsivamente, tentando preencher o vazio existencial. Mas nada adianta, os amantes se vão, as dividas aumentam, nem sua filha consegue a deixar feliz. Seu marido que a ama muito tenta de tudo, e em alguns momentos ela chega a se arrepender de tudo que ela faz, uma vez que parece que ele é o único a realmente se importar com ela. Mas ela continua, e tudo vai ficando cada vez mais intenso a ponto de chegar em uma parte em que ela não consegue mais segurar a barra.
Mesmo quando tudo parece sem saída, Emma arruma sua própria saída, e assim leva a trama para seu fim trágico e dramático. Que ainda corta nossos corações do capítulo final, onde é mostrado o que acontece com a vida dos outros personagens que faziam parte do “show da Emma”.

Madame Bovary tem um ritmo lento em algumas partes e em outras bem intenso, como a vida da personagem principal. Essa que em alguns momentos amamos e em outros odiamos. O clássico também é altamente bem escrito, e as vezes descritivo até demais, dando um foco demasiadamente grande para personagens que não nos interessam tanto assim. 
Mas no geral é um daqueles clássicos que vale a leitura, e que faz de fato você pensar na vida.

“Porém, sobre o fundo comum de todos aqueles rostos humanos, a figura de Emma destacava-se isolada e mais longínqua, contudo; pois sentia entre ela e si mesmo como vagos abismos.”

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