Ao tentar encontrar a forma certa de falar, eu me calo. Ao tentar só criar algo bom, eu abaixo a minha caneta.
Um dia eu ouvi que não tinha idade o suficiente para falar. E eu acreditei. Também acreditei quando eles falaram que eu devia estudar mais para ter direito a uma opinião.
E eu estudei. Mas nunca era o suficiente. E aprendi a caminhar calada, de cabeça abaixada. Até que torpecei na versão de mim mesma que transbordava vida.
Ela pediu desculpas e estendeu uma mão para me ajudar a levantar do chão. Se ofereceu para caminhar comigo e de tão curiosa para saber mais sobre ela, aceitei.
Enquanto caminhávamos ela me contava da vida que ela levava. Era livre e corajosa e por mais que o mundo também repetia para ela as mesmas coisas que disse para mim, nessa outra versão de mim ela era nela que ela acreditava.
E ao acreditar ela se abria, estudava, falava, fazia e era. O que queria e gostava. E fazia por ela. Apenas para ser.
Confesso que ao ouvi-lá não me reconheci, por mais que conversar com ela fosse como conversar com meu reflexo no espelho.
E enquanto pensava sobre isso, a imagem a minha frente se inverteu e eu percebi. Ela sempre foi eu. E agora quando eu me olho no espelho eu me lembro que também sou ela.
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